O retorno é sempre um transtorno.
Odeio ver minha mãe chorando de preocupação. Odeio ver minha irmã chorando por sei lá o que. Odeio ver minha sobrinha chorando, quase implorando pra eu ficar.
Principalmente odeio me sentir sufocado.
* * *
Viajando de busu é que a gente descobre que não nasceu pra ser pobre. Eu, quietinho no meu banco, começava a amaldiçoar cada um que entrava, para que não sentassem do meu lado. "Você não, tem cara de que ronca e eu vou te cutucar", "ah não, você cheira mal e eu vou borrifar um perfume no seu sovaco", "puts, mulher feia não!"... minha palavra parecia ter poder, o ônibus foi enchendo, e ninguém sentava do meu lado. Não estava afim de single-portion-friend. Na noite anterior fui dormir tarde, e fui acordado as 8 da matina pela minha sobrinha. Mas eis que chega um ser e senta, e se tem coisa pior do que gente do lado pra viajar, é gente que nem ao menos cumprimenta, ou no mínimo olha pra sua cara. Mas assim que o ônibus saiu estrada a dentro, o homem pulou pra outro banco. Rá rá rá rá rá...
Viagem do cão. As 4 da matina, um estouro e o ônibus freia de sopetão. Uma mulher grita, outra rola pra de baixo do banco. Eu, gelado do ar condicionado, me arrepiei até os fios de cabelo. Dos males, o menos pior. O pneu estourou e junto com ele, o freio do ônibus. Rápidinho fomos transferidos para outros 2 ônibus (!), que inexplicavelmente pareciam formar uma comitiva pronta para resolver qualquer emergência. Mas à essa altura, já não consegui mais dormir. A injeção de adrenalina me acordou pra sempre.
Mentira. cheguei em casa e escapuli direto pra cama, para desespero das roupas dentro da mala, que ainda vão ficar alí um bom tempo.
* * *
Virão dias
Cedo ou tarde, dias
Noites frias
Dias feios
Feito noites frias
Odeio ver minha mãe chorando de preocupação. Odeio ver minha irmã chorando por sei lá o que. Odeio ver minha sobrinha chorando, quase implorando pra eu ficar.
Principalmente odeio me sentir sufocado.
* * *
Viajando de busu é que a gente descobre que não nasceu pra ser pobre. Eu, quietinho no meu banco, começava a amaldiçoar cada um que entrava, para que não sentassem do meu lado. "Você não, tem cara de que ronca e eu vou te cutucar", "ah não, você cheira mal e eu vou borrifar um perfume no seu sovaco", "puts, mulher feia não!"... minha palavra parecia ter poder, o ônibus foi enchendo, e ninguém sentava do meu lado. Não estava afim de single-portion-friend. Na noite anterior fui dormir tarde, e fui acordado as 8 da matina pela minha sobrinha. Mas eis que chega um ser e senta, e se tem coisa pior do que gente do lado pra viajar, é gente que nem ao menos cumprimenta, ou no mínimo olha pra sua cara. Mas assim que o ônibus saiu estrada a dentro, o homem pulou pra outro banco. Rá rá rá rá rá...
Viagem do cão. As 4 da matina, um estouro e o ônibus freia de sopetão. Uma mulher grita, outra rola pra de baixo do banco. Eu, gelado do ar condicionado, me arrepiei até os fios de cabelo. Dos males, o menos pior. O pneu estourou e junto com ele, o freio do ônibus. Rápidinho fomos transferidos para outros 2 ônibus (!), que inexplicavelmente pareciam formar uma comitiva pronta para resolver qualquer emergência. Mas à essa altura, já não consegui mais dormir. A injeção de adrenalina me acordou pra sempre.
Mentira. cheguei em casa e escapuli direto pra cama, para desespero das roupas dentro da mala, que ainda vão ficar alí um bom tempo.
* * *
Virão dias
Cedo ou tarde, dias
Noites frias
Dias feios
Feito noites frias
Sozinho
Nessa noite fria
Dias quentes
Não tão dias
Não tão certos
Não tão precisos
Não tão doces
Não tão justos
Não tão cegos
Não tão mudos
Apenas dias
Cada dia
Um dia a mais
Hoje
Um dia a menos
Mas se assim são
Feito de dias
O que falta
Pra chegar esse dia?
Dias feito de dias
Dias para querer
Dias para esquecer
Vão sempre ter
Esses dias...
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