Dia estranho hoje. Um calor seco, que se transformou em chuva com sol; agora escureceu, a toalha parece que vai ficar úmida um bom tempo, e os pernilongos sairam de suas casinhas para me assombrar. Ainda sofro um pouco com os efeitos da bebedeira de ontem, e ri tanto que hoje abri mão das abdominais na academia. Passei em uma dessas lojas de suplemento alimentar, e investi num daqueles potes gigantes e ameaçadores que prometem maravilhas físicas, e realmente tive a impressão de ele deve funcionar. Quase morri pra ingerir 11 comprimidos, e ao final, mal consegui comer, porque fiquei com o bucho entochado com 3 copos de água. Malhei um bocado e senti que dava pra continuar, mas não o fiz, porque sei dos meus limites, principalmente agora que estou fora da minha forma ideal. Minha calça-modelo está sobrando em todos os lados, quando nos meus tempos aureos, ela mal passa pela coxa. Deixe estar...
A vida agora promete longos dias de ócio. Tempo... me perturba não saber quando... ou se...
Estou aceitando até convite pra funeral. Um amigo ontem começou: "Vocês estão afim..." e eu interrompi: "estou!"
Nesse jogo de verdades, eu sempre polite, penso que as vezes devia me impor mais. O mais sincero de mim fica sempre em segundo plano, em prol de ao menos receber um pouco do que nada. De repente passo dias intensos, inflados, gratuitos, e mais que de repente, sou arremessado de volta ao mormaço, a cerveja não tão gelada, ao despertador. Interrompido daquela vibração que ficou para trás, e toda a beleza que insiste em me carregar de volta pra lá, e sonhar de novo que aquilo é sim capaz de voltar, e quem sabe, perdurar. Ensaio escrever coisas assim durante o dia inteiro, esperando que não me entendam, ou entendam e façam alguma coisa.
Quando acho que não consigo, lá venho eu correndo alimentar o blog. O lugar onde eu posso falar, falar, falar... porque durante o dia tenho visto e ouvido e presenciado tanta coisa que nem tenho coragem de reclamar da minha. Spoiled boy. Estão todos com problemas que parecem tão maiores que o meu, que prefiro me calar, envergonhado. Me limito a escutar atenciosamente.
As vezes entro nessas crises teológicas-existencialistas que só eu entendo, e coitado se eu fizer alguém, mesmo que em uma mesa de bar com cerveja gelada e batata frita, escutar essas lamúrias. Tenho um pé no lado negro, então o melhor que faço é continuar rindo bem alto, que é pra espantar. Falar por aqui é também um modo de tolerar. Sinto que compartilhar o que quer que seja de mim, vai invariavelmente refletir em alguém. Vai me fazer me sentir menos único e mais todo. Eu não sei falar muito sobre minhas coisas, então aqui é minha descarga. Vomitar essas palavras me fazem algum bem. Ver um coment no final do post me faz sentir que alguém escutou, que dedicou alguns segundinhos de vida para ler o que tenho à dizer, mesmo que as vezes eu pareça não dizer nada.
Não dizer nada também quer dizer muito.
"E se me achar esquisita,respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar"
Clarice Lispector
Vou me deitar, ler algumas linhas de um livro e dormir. Amanhã é amanhã
Volto assim que der vontade.
3 comentários:
"O mais sincero de mim fica sempre em segundo plano, em prol de ao menos receber um pouco do que nada."
Sou apaixonado por Clarice Lispector. Ela, de fato, aprendeu a se respeitar primeiro. Talvez precisamos nos espelhar um pouco mais nisso.
Espero que seu coração possa ter um segundo mais terno ao ver "1 comentário" assim como também fiquei.
E desculpe por não ser exatamente quem você quisesse que eu fosse. Heh :(
O q tenho a dizer é: ESCREVA! ESCREVA MUITO,pq isso não só te faz bem, te faz melhor!
Quanto ao mirar-se no outro e perceber q seus problemas são menores, isso é maturidade, humildade, coisas q só acrescem, o pulo do gato é tornar-se feliz por isso e não somente mascarar a felicidade ou rir pra adornar!
Não estou ansioso com o tempo, estou degustando, ainda que a ausência perturbe.
E não alimente paranóias, alimente o sentimento bom, feito plantinha que se rega até que cresça e alcance o mundo...
Ah! Fernando...lindo post. E escreva...escreva muito...para desabafar, contar o que tem vontade, falar bobeira, etc, etc...nem sempre as pessoas tem tempo e vontade de nos ouvir...mas pode ter certeza que quem vem até aqui, lê e te deixa um comentário (ou não)...é porque tem toda a disposição de ouvir as coisa que vc diz, que se identifica, que de alguma maneira te entende...e blog também serve para isso mesmo...para tentarmos entender o que ninguém entende.
Adoro a mameira como vc escreve...bjs.
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