quarta-feira, 30 de junho de 2010

The Human Centipide...

Quem me conhece sabe que eu não resisto a um filme de terror. E comigo não tem tempo ruim; não sou do grupo que defende a velha guarda, que só reclama de Hollywood, etc e tal. Assisto tudo, com a mesma dó e piedade dos psicopatas que geralmente aparecem nos filmes. Mas ao contrário do que a maioria pensa, eu não me divirto e muito menos tenho um prazer mórbido em ver gente morrendo. Eu sofro junto. Quer dizer, quase sempre, porque ultimamente a safra realmente está fraca. A moda agora é explorar o gore ao limite do insano (e que limite será esse?), e com isso, a narrativa, o ritmo, a tensão, as boas interpretações, fatores tão importantes para "segurar" um filme do gênero, são deixadas de lado.

"Jogos Mortais" foi provavelmente o culpado dessa moda macabra. Violento ao ponto de me fazer contorcer na cadeira do cinema, o filme justificava suas cenas com uma premissa simples e bem pensada, aos moldes de um "Seven - Os sete crimes capitais". O serial killer é cruel por uma razão, por mais socialmente inaceitável que essa razão seja. Com orçamento pequeno, o filme se passa quase todo dentro de uma pequena sala, e eu sou fascinado por ideias simples que se desenrolam em pequenos ambientes.

Então veio o descarado do Eli Roth (que se tornou hype (sabe-se lá por quê) depois do bobinho "Cabin Fever") com o seu pornô-de-violência "O Albergue", escancarando tudo aquilo que os pudores cinematográficos evitavam mostrar. De fato, seu filme nada tem de novo uma vez que a violência já era explorada HÁ MUITO TEMPO nos filmes japoneses, só para ter um exemplo. Foi ele o primeiro diretor estadunidense a sacar isso e só.

E agora, suprindo essa onda de "Jogos Mortais" já saturados (o filme já está no quê? sua sétima ou oitava sequência?), surge um novo exemplar do gênero que me prendeu na cadeira antes de começar: "A Centopéia Humana - Primeira Sequência". Se você ainda não leu nada sobre o filme, tem estomago forte, gosta de filmes de terror e ficou curioso, recomendo não ler nada sobre ele e assisti-lo de uma vez, já que o trailer revela demais e as opiniões acerca do filme andam bem infladas.

Segue o link: http://www.baixeturbo.org/2010/05/download-a-centopeia-humana-legendado/

Pois bem. Pensa ai. Um médico muito doidão (nazi-style) especialista em separar irmãos siamêses é obcecado em criar a centopéia humana do título: ligar 3 pessoas em fila pelo sistema gástrico. Não entendeu? Pegar uma pessoa, botar de quatro e cortar o cu; pegar outra pessoa (também de quatro) e costurar a boca no cu da primeira. Cortar o cu do pobre segundo elemento e ligar à boca de um indigno terceiro elemento. O primeiro desafortunado come normalmente, e quando cagar, o segundo é obrigado a comer, já que está colado. Já o amaldiçoado terceiro elemento, se sentir fome, coitado... tem que esperar que o segundo elemento cague as fezes do primeiro.

A coisa toda é tão, mas tão absurda que eu tive que ver, nessa curiosidade mórbida que nos cerca quando vemos um acidente de carro e viramos o pescoço para olhar, sabe como?

Infelizmente (ou felizmente, sei lá) o filme em sí só se segura pela premissa assustadora. Oras, meu medo maior não é morrer, mas sim ficar a mercê de algo tão insuportávelmente macabro sem poder fazer muito a respeito. Os fãs de violência não verão muito (eu disse muito, viu?), já que nesse sentido, o filme é até bem comportado. O que realmente é uma pena é que, apesar de audacioso em realizar um projeto assim, o diretor Tom Six (quem?) não vai além, entregando um filme prosáico (??), de direção careta e sem ousar em nenhum momento das longas 1h e 30 mins de filme.

As duas mocinhas além de ruins pouco podem fazer depois de terem a cara enfiada em rabos alheios, a cabeça da centopéia é irritante (e oras, deveria ter posto um judeu na frente de uma vez, já que é pra esculhambar), e o psicopata-mor interpetado por Dieter Laser está longe de ser um exemplo de boa personagem. Alguns criticos elogiaram, outros desavisados compararam ao Hannibal Lecter do Antony Hopkins, eu achei apenas teatralmente divertido...

O grande problema é o roteiro, que retrata todos os presentes como burros, seja do lado de lá como do lado de cá da tela. Mocinhas de filme de terror são burras por natureza, OK, mas quando o vilão mal se preocupa em disfarçar sua demência na frente de 2 policiais, só podemos concluir que se tratam... olha! De 2 burros também! Sem parecer ter muita noção de ritmo, o filme as vezes ensaia algo de bom, como a cena em que uma das burrinhas... que dizer... mocinhas tenta fugir e a cena se estende de forma interessante (apesar de concluir de forma decepcionante), na maioria das vezes as cenas parecem não fluir de forma natural, como por exemplo a cena-central da operação, que acaba tão rápido que pensei se tratar de um aquecimento. No final, o filme faz apenas aquilo que prometia, sem arroubos e surpresas.

E lá vem uma sequência, ÓOOOOOBVIO! Ao que tudo indica, a "Primeira sequêcia" na verdade um estudo para a "Sequência completa", uma centopéia com DOZE pessoas...

Com isso, chego ao ponto que me levou a escrever tudo isso, que não era escrever uma crítica ao filme, mas sim em me ver fascinado pela mente humana. COMO PODE ALGUÉM IMAGINAR ISSO? Eu me admiro com gente assim, que tem uma ideia que eu não seria capaz de ter. Quando vejo algo assim, tenho vontade de conhecer essa pessoa, ouvir o que ela tem pra dizer, entender esses mecanismos criativos geradores de algo relevante, algo pulsante, algo criativo. É grotesco, talvez seja oportunista, pode ser apenas mais um tentando sobresair no meio de tantos, mas não dá pra ignorar o fato de que o filme mexe com você, mesmo que seja a repulsa e você NUNCA o assista na sua vida.

Em um período de pouca criatividade do gênero, onde os remakes pipocam mais do que as produções originais, a tal centopéia humana ao menos arrisca dar um passo (ou seria um três-em-um passo? Hihi...) para uma direção que não seja para trás.

terça-feira, 29 de junho de 2010

How do you expected me...

Eita que as férias vem chegando ao fim e não deu tempo nem de blogar...

Mentiras a parte, tempo a gente sempre arruma, faltou é inspiração mesmo. Dizem que a escrita é um exercício que deve ser praticado todo dia, e eu bem fiz, mas ao invez de caçar assunto pra estar aqui, resolvi mergulhar de cabeça na ideia de me tornar o mais novo excritor de textos... ahn... teatrais, contos, livros... whatever o que sair disso.

Pensa em linhas e mais linhas de ideias geniais e outras nem tanto assim?

São João aqui por essas bandas é uma coisa encantadora. Além da ótima desculpa pra se comemorar o aniversário do love, é uma data comemorada de verdade. Lá no sul só me lembro do São João nas festinhas do colégio, onde eu era o primeiro a me oferecer pra dançar a quadrilha, e também o primeiro da fila pois sempre fui o menorzinho. Estrela mirim. Fomos para Rio de Contas, cidadezinha simpática à 12h de Salvador. Viagem do cão, chegada recompensadora. Infelizmente fomos com a cabeça em projetos mil, e acabamos voltando antes que eu pudesse subir uns morros e acampar no mato. Deu pra fazer trilha e tomar banho de cachoeira.

No mais, escrevendo e esperando, escrevendo e esperando. Muitos projetos, muitas esperanças. Pela última, a gente não paga e então eu abuso.

Falando em não pagar, e Zé Celso? Bleeeergh:P (tipo um pré-gorfo com direito a linguinha pra fora...)

sexta-feira, 4 de junho de 2010

If I could do just one near perfect thing I´d be happy...

Férias chegando! Nem acredito... mas dizem que ator não tira férias, e é quase verdade. Vai ser bom pegar alguns dias pra dormir até mais tarde, essa mratona de curso técnico foi de doer (literalmente).

Vamos falar de filmes. Tenho visto muitas coisas, algumas que valem comentar, outras nem tanto.

"O Segredo Dos Seus Olhos" do diretor argentino Ruan José Campanella já pode ficar entre os meus favoritos de 2010 (e olha que só estamos terminando o primeiro semestre). Sua parceria com o ator Ricardo Darin se assemelha a de Burton + Depp, com a diferença que os dois primeiros até agora não erraram, bastando conferir "O Filho da Noiva" e "Clube da Lua" (ainda não vi "O Mesmo Amor, A Mesma Chuva"). Direção discreta, que quando se permite um grande arroubo é através de um plano sequência inacreditável (contando com cortes em sua edição) que só contribui para trama... ai cansei... perfeito, recomendadíssimo. Soledad Villamil deveria ganhar um prémio de melhor atriz. Prontofalei.

Assisti "Sex And The City 2", mesmo sem ter visto o primeiro e não ter acompanhado a série. Não dá pra chamar de um filme, está mais para um evento. Obviamente aquelas quatro amigas se tornaram um pequeno ícone de uma geração, e o filme nada mais faz do que dar espaço para que esse ícone seja utilizado a exaustão. Excessivamente longo, o grande problema do filme é que se trata de uma grande montagem de gags, visto que uma piada é imediatamente abandonada em prol de outra, sem nunca interferir de forma significativa na história. Sarah Jessica Parker está Far Far Away de ser uma beldade (brincadeirinha com "Shrek", sacou? sacou?), e os excessos de takes insistindo em mostrá-la como tal soam demasiadamente deslocadas (e, MEU DEUS como ela está magra). A direção não parece saber "vender" suas locações visto que os quadros nunca valorizam o espaço com takes muito fechados e pouco elegantes; e oras, estamos falando de um filme que se pretende basicamente a isso, numa espécie de James-Bond-vai-as-compras. Os figurinos muitas vezes chegam ao absurdo, como quando a protagonista vai de saia de debutante e camiseta estampada J´adore Dior em uma feira (Oh... eu uso Dior portanto posso andar pelas ruas parcendo uma louca) e a roupa de paquita-assassina de Samantha em um karaokê. A cena em questão permeia o filme como um todo: um feminismo exagerado, uma espécie de vingança contra o masculino que se resume a serviçais, homens-objetos e homens-bunda. Filme espertinho de uma série espertinha, que soube captar como ninguém os desejos femininos e elevá-los a décima potência, e utilizar de mulheres bonitas mas não perfeitas para que não se distanciassem tanto de uma mulher de carne-e-osso. Qual mulher secretamente não sonha em chamar a atenção com suas roupas e nunca se incomodar com isso?

Por fim, "Quincas Berro D´Água", que se assemelha de uma forma bem estranha ao filme Hollywoodiano das amigas chiques: consegue fazer rir, consegue ser mais longo que os glúteos gostariam e consegue ser facilmente esquecido ao fim da sessão. Contando com um bom elenco que tira... ahn... água... de pedra de um roteiro abarrotado de tipos (mas nunca personagens) lineares, por mais que eu me esforce, não consigo evitar de repetir o discurso: já não chega dessa estética do sujo? Quando é que o cinema brasileiro vai começar a arriscar outras abordagens? Sim, existem nessa remessa alguns filhos bastardos como "Se Eu Fosse Você" e "Chico Xavier" e... é... enfim... mas o que realmente parece segurar a produção brasileira é o fato de um filme ser tão dificil de ser produzido e o risco de ele não ser vendável impede produções mais ousadas. Ou será simplesmente por não contarmos com bons roteiristas? Ou culturalmente não temos espaço para outro tipo de produção? Sei lá...

No mais, comemoro a chegada da TV a cabo obviamente me viciando em "Glee", visto que um seriado-musical-com-musicas-pop é a minha cara. E é?