A vida agora promete longos dias de ócio. Tempo... me perturba não saber quando... ou se...
Estou aceitando até convite pra funeral. Um amigo ontem começou: "Vocês estão afim..." e eu interrompi: "estou!"
Nesse jogo de verdades, eu sempre polite, penso que as vezes devia me impor mais. O mais sincero de mim fica sempre em segundo plano, em prol de ao menos receber um pouco do que nada. De repente passo dias intensos, inflados, gratuitos, e mais que de repente, sou arremessado de volta ao mormaço, a cerveja não tão gelada, ao despertador. Interrompido daquela vibração que ficou para trás, e toda a beleza que insiste em me carregar de volta pra lá, e sonhar de novo que aquilo é sim capaz de voltar, e quem sabe, perdurar. Ensaio escrever coisas assim durante o dia inteiro, esperando que não me entendam, ou entendam e façam alguma coisa.
Quando acho que não consigo, lá venho eu correndo alimentar o blog. O lugar onde eu posso falar, falar, falar... porque durante o dia tenho visto e ouvido e presenciado tanta coisa que nem tenho coragem de reclamar da minha. Spoiled boy. Estão todos com problemas que parecem tão maiores que o meu, que prefiro me calar, envergonhado. Me limito a escutar atenciosamente.
As vezes entro nessas crises teológicas-existencialistas que só eu entendo, e coitado se eu fizer alguém, mesmo que em uma mesa de bar com cerveja gelada e batata frita, escutar essas lamúrias. Tenho um pé no lado negro, então o melhor que faço é continuar rindo bem alto, que é pra espantar. Falar por aqui é também um modo de tolerar. Sinto que compartilhar o que quer que seja de mim, vai invariavelmente refletir em alguém. Vai me fazer me sentir menos único e mais todo. Eu não sei falar muito sobre minhas coisas, então aqui é minha descarga. Vomitar essas palavras me fazem algum bem. Ver um coment no final do post me faz sentir que alguém escutou, que dedicou alguns segundinhos de vida para ler o que tenho à dizer, mesmo que as vezes eu pareça não dizer nada.
Não dizer nada também quer dizer muito.
"E se me achar esquisita,respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar"
Clarice Lispector
Vou me deitar, ler algumas linhas de um livro e dormir. Amanhã é amanhã
Volto assim que der vontade.