quarta-feira, 30 de setembro de 2009

There´s a beautiful mess inside...

E eis que o bom filho a casa retorna.

Bom filho?

Casa?

A passagem por Maringá não disse muito a que veio. Mal cheguei e viajei, mal voltei da viagem e adoeci. Não vi nenhum de meus amigos, nenhum de meus amigos foi assistir a peça. A família esteve em peso, todos na primeira fila, e até que foi engraçado, mas o teatro (que na verdade é um antigo cinema) era terrível, com uma acústica impraticável e muito espaço sobrando. Achei que seria um momento marcante na carreira (!?) mas foi só mais uma passagem. Pior foi a platéia, a mais caipira que eu já vi nessas viagens de meu dEUS. Além de mal educada e meio zumbi, a gente saia do teatro e as pessoas ficavam olhando, e olhando... e olhando. Não se ouviu um grito, não se viu um flash, não se distribuiu um sorriso. Eu claro, adorei.com.br, pois odeio fazer esse social, mas ficou todo mundo se perguntando o que há de errado com os maringaenses.

Cada um no seu quadrado...

Ando sofrendo de uma falta de paciência tamanha, que daqui a pouco vou trocar o português por algum dialeto canino. Gente me estressa, coisas me estressam. Acho que estou sofrendo de algum tipo de ressaca de inferno astral.

Mentira.

Acho que a causa disso tudo é carência + cansaço. Precisando de um certo carinho, um certo cheiro, um certo beijo. Precisando também me afastar de pessoas que andam me sugando minha energia... enfim, estou sendo repetitivo.

Mas é que a vida anda repetitiva. Basicamente, muda o sotaque, a qualidade do quarto, o palco. Ando fazendo a peça no piloto automático, é isso é muito feio. Minha garganta anda muito ruim, e ando suspeitando de dois elementos estranhos: a fumaça cenográfica, ou o exagero em sucos de caixinha. Preciso de uma pausa para o médico; fica pra depois...

Chegamos hoje em Apucarana, e para minha felicidade absoluta, tem uma banheira no quarto. No banheiro, claro, mas dizer que teria uma banheira no banheiro, além de feio é meio redundante. Então sei lá porque to explicando que a banheira não é no quarto e sim no banheiro, enfim...

BANHEIRA!

Pensa num ser humano que vai sair do banheiro parecendo uma uva passa albina.

Amanhã já recomeça a história montagem-apresenta-e-vai-embora, e eu rezando pra essa turnê ir embora de uma vez! Vou recarregar minhas energias na banheira! Fui!

domingo, 27 de setembro de 2009

Kobune wa iku...

A viagem para o Paraguay foi realmente algo de destrambelhado. Viajamos a madrugada inteira, muito energético e Coca Cola e musica alta e gritaria pra não deixar a peteca cair. Nascer do sol na estrada, low food, no breakfest (OK, que pedância, parei...).

Chegamos!

Posso dizer que não mudou muito por lá. A última vez deve fazer uns 10 anos, mas cheguei e já tratei de comprar tudo o que queria e mais um pouco. Mas como era o único escolado em tráfico de muambas, tive que aturar um pequeno grupo que foi ao PARAGUAY fazer COMPRAS sem DINHEIRO! Levaram o cartão UNIVERSITÁRIO!

OK, respirando.

Sei que quase sentei a mão na cara de uma certa pessoa, e decidi para o meu próprio bem que cortei relações por prazo indeterminado. Duas coisas que não suporto no ser humano: egoísmo e falsidade. Eu prezo minha energia positiva, e andava sendo sugado por um certo buraco negro vazio e triste.

Seguindo viagem, depois de horas intermináveis em bancos e alfândega, fomos direto para as Cataratas do Iguaçu. Devido as chuvas, o volume de água estava bem alto, e todo mundo ficou embasbacado com a lindeza daquele lugar. Eu mesmo não me canso, mas o passeio teve um “quê” de saudade (ou seria um “quem”?) sabendo que alguém gostaria muito de estar ali.

Na saída, decidiram por voltar a Curitiba, sob meus protestos, afinal, a Argentina estava ali do lado e já era bem tarde. Tambem disse que chegaríamos as 2 da matina, e já faziam 24 horas sem sono, e que era perigosoeomelhoreraficaredescansar... mas sempre que eu abro a boca, tenho que ouvir que: sou chato, sou ranzinza, sou estressado, sou venenoso, sou isso e aquilo... fiquei quieto. No caminho, desabafos sobre a criatura humana causadora da discórdia (e eu que sou chato, venenoso...), e mais umas cinco paradas porque os motoristas estavam com sono (e eu que sou o estressado, o ranzinza...). Chegamos 1:30h da matina, altamente moídos, e eu feliz por ter chegado.

No final, a matemática foi positiva: comprei coisinhas e presentinhos, me desfiz do que não me fazia bem, e me ocupei. A parte ruim foi que importei uma febre lá da fronteira, que de tão ruim, me derrubou mais do que a original. Passei o dia de cama, bebendo todos os liquidos da face da terra, e rezando para que amanhã esteja zero para pisar no palco.

Mas bem mesmo, só vou ficar depois que a saudade se afastar de mim.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

I´ll follow you until you love me...

Fui embora de Goiânia sem trazer muitas recordações. Fotinhas escassas, uma baladinha marrom pra descontrair e muito suor.

Iniciamos a etapa final (será?) da turnê, no Paraná. Empolgação ZERO de chegar em Maringá, terra que eu morei alguns bons e outros não tão bons anos. Vai ser legal apresentar pra um monte de gente conhecida, que me viu começando o que seria (ou ainda vai ser, ou será...) minha carreira. Mas 4 dias de folga aqui serão um martírio.

Seriam. Organizei com alguns amigos (os mais próximos) de alugar um carro e ir até o Paraguay comprar muambas. De quebra, conhecer as cataratas, que eu já vi faz tempo, mas não custa ver de novo. Não estava nos meus planos gastar dinheiro com isso, mas, um passeiozinho sem muitas pretensões consumistas não fará mal a ninguém. No máximo dos meus delírios, um iPod, mas acredito que vou optar por um genérico (apelidado por mim de iFod). Claro que somando a isso, aquelas intermináveis latas de Pringles, chicletinhos que parecem saltados direto da fábrica do Willy Wonka, e quem sabe um perfume (que eu não preciso pois acabei de comprar um, mas é meu ponto-fraco-e-G).

Delírios consumistas.

Eu nem tenho tantos assim.

No mais, ouvindo boatos de um prolongamento de turnê, pra uma terra bem far away, e eu sem o menor pique pra prolongar isso, a não ser que o cachê seja bem presunçoso.

Delírios, delírios...

Também preciso pensar que o verão está ai, que o desemprego também vem na rabeta, e eu quero curtir sem culpa.

Culpa? Eu como no café da manhã, no meio do pão, sem margarina, sem gergelim e sem tostar.

Ah tá...

Delírios...

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Ensaios de verão...


Acho que cansei dessa turnê. Acho. Ando sem forças pra fazer a peça com o mesmo afinco com que tenho feito até então. Acho que foi uma junção de tudo: cansaço físico, muitas sessões seguidas, muitos teatros ruins, muito stress, muita gente em cima, muito muita coisa...

Meu foco agora é terminar essa turnê com a maior economia possível. Sei lá o que vai ser depois que ela acabar, afinal, to de saco cheio mas ela me sustenta.

Enquanto isso na terra de Goiânia, finalmente sai do convento e peguei uma night com alguns amigos. Balada igual a todas as outras, música igual a todas as outras, e até os tipos parecidos com os outros. Mas ao menos, deu pra dançar até as coxas não agüentarem mais sustentar o corpo.

Agora estamos em Rio Verde, último dia antes de voltar ao Paraná. Teatro ruim, platéia mal educada, clima chuvoso. Tô azedo. Vou comer um chocolate ali e volto depois.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Ratsiti ladaat lihiyot lecha...

Sumi mesmo. Tanto trabalho que, chego em casa e a última coisa que eu quero é escrever sobre o que passou. Onde é que eu estava mesmo?

Alfenas.

Passei meu aniversário lá. Pois é, foi dia 10, mas nem fiz muita questão de firula, pois o único presente que eu poderia querer, não estava disponível. Não que o dia tenha passado despercebido. Na segunda apresentação dia (pois é, passei o dia no palco) cantaram parabéns pra mim ao final da peça; platéia lotada. Foi lindo. Segui o dia sem dar muita importância ao fato de que estava fazendo 27 anos, tudo o que queria era sair e comer um açaí na tigela, mas as pessoas todas pareciam muito enroladas. Quando finalmente desisti e fui malhar na academia do hotel, dou de cara com uma festa surpresa. Me jogaram na piscina e tudo. Ganhei presentes e muito carinho.

Mas a coisa mais impressionante em Alfenas foi a platéia no último dia de peça. Juntou 3 vezes mais gente do que cabia no teatro (que já era minúsculo), muita gente ficou de fora, enquanto dentro do teatro, os fãs se empilharam na boca de palco. Sim, fãs. Cheguei a pensar que estava no High School Musical, e não numa singela peça de Curitiba. Gritaria geral, a galera rindo até das piadas mais retardadas que nunca ninguém riu, e a gente pensando que as pessoas que ainda não tinham visto, não estavam entendendo patavinas daquela bagunda dos adolescentes. Na saída, eu fiz um memo pra caso volte ano que vem ao projeto: quero seguranças. Achei que seria carregado pela turba histérica, que por sinal, era muito estranha. Algumas meninas gritavam na nossa cara, pediam uma foto (gritando) e saiam (gritando), mas sem olhar pra gente de verdade. Ficamos quase meia hora atendendo todo mundo, até chegar no hotel. Eu sonhando com paz, silêncio e descanso, desço do ônibus e alguém grita de dentro do carro, disparando um flash bem no meu olho. Paz? Menos de 10 minutos dentro do quarto, toca o telefone e a recepcionista informa que tem gente na portaria esperando a gente. E a idéia era sair pra comemorar a passagem por MG, mas minha energia tinha sido toda sugada de canudinho.

Pois bem. Goiânia.

Todo mundo sabe, mas eu comprovo: que cidade quente. Não tenho feito nada além de teatro–hotel–teatro-hotelteatrohotelteatro.... O ritmo está bem puxado, e o calor não ajuda. Ao menos, o palco comporta quase todo o cenário e a gente consegue dançar todas as coreografias. Passamos a semana fazendo 3 sessões por dia, e hoje estou me sentindo com 27 anos ao cubo. Amanhã é a sessão aberta, que promete o mesmo fervo assassino. A platéia aqui é bem atiradinha, e sinto que a história vai se repetir.

Tô com alguma urucubaca pra perder coisas. Primeiro foi o cabo pra carregar a filmadora digital (que nem é minha), e depois, a minha câmera. O cabo eu não acho em lugar nenhum pra comprar, e minha câmera, sei lá. Era velhinha, 3.2 megapixels, mas, era a que eu tinha, e agora é rezar pra essa turnê passar pelo Paraguai.

Dormindo cada dia mais cedo, pois o corpo não agüenta. Feliz por estar trabalhando, mas me perguntando por mais quantos anos desse projeto eu sou capaz de suportar. Ao mesmo tempo que tenho essa oportunidade única de viajar o Brasil quase inteiro, sinto que estou incomodado com as limitações que a peça causa. Ainda que seja deliciosa de fazer, apresentá-la 3 x por dia é praticamente uma lavagem do Bonfim diária. Mesmo sendo um musical, ele não me desafia muito profundamente. Muitas questões na cabeça.

E uma saudade difícil no coração, no corpo, na mente.

Enquanto o amanhã não chega, aproveito pra tomar um banho bem gelado e demorado, e dormir na cama limpinha. Mordomias que essa vida de casa-hotel proporciona.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Tempo...

A exatos 1 ano atrás, eu vivia numa situação parecida com a de agora: estava fazendo a mesma peça, viajando pelo Brasil desconhecido, realizado e feliz. Nessa mesma época, eu chegava em Salvador, com os olhinhos arregalados olhando pela janela, vendo aquela orla gigante e linda, sonhando com acarajés apimentados e muito sol. Nesse mesmo dia, troquei algumas mensagens pelo celular, e andei alguns metros longe do hotel para encontrar um (até então) conhecido virtual.

Debaixo do sol escaldante, de regata azul clara e bermuda creme, nem imaginava na história que estava prestes a começar. Escutei uma buzina engraçada, me virei, e vi um ser montado numa moto preta, de óculos escuros, braços de fora e um sorriso ensolarado no rosto.

A primeira coisa que pensei foi: fudeu.

Fudeu porque, se além daquilo tudo, ainda tivesse outras qualidades, fudeu mesmo.

Alguns minutos depois, lá estava eu, passando por aquelas praias lindas, aquele cheiro de mar-areia-calor, naquela moto sendo guiada por aquilo tudo. Lembro que pensei: daqui pra frente, só dá pra piorar. Eu, na Bahia, trabalhando com teatro, com o melhor cicerone que eu poderia querer.

Entre indas e vindas, histórias, meu aniversário inesquecível, eu me lembro de, na hora de ir embora, ter chorado com o sentimento de que estava deixando pra trás uma história que nem teve tempo de começar. Chorei por medo de não ter a chance de sequer tentar. Chorei pensando se eu estava ficando maluco ou coisa do tipo.

Bem, que eu voltei para Salvador mais algumas vezes, e bati nessa tecla com a mesma força e certeza com que bato nessas teclas em que escrevo, não é segredo desse blog.

É que hoje me peguei pensando nessa história, relembrando esses momentos todos, e percebi que, nesse 1 ano que passou, não houve um só dia em que eu não tenha pensado naquele homem da moto preta, de óculos escuros e braços de fora. Nesse 1 ano, não teve um só dia em que não tenha dedicado um tempo para lembrar do que passou, ou de sonhar com o que ainda poderia passar. Nesse 1 ano, não houve 1 só dia em que eu não tenha desejado ter essa pessoa, em todos os sentidos e todas as maneiras; da forma mais sincera que eu posso querer, da forma mais imprecisa que eu consigo demonstrar.

Deve ser amor.

sábado, 5 de setembro de 2009

Não leve o personagem pra cama...

Eita, eita, eita...

Tanta coisa acontecendo, que tive que ler o post anterior pra ver o que já tinha relatado, o que ainda não tinha dito...

Começando do começo pra tentar passar pelo meio, porque o fim tá longe...

Ipatinga foi muito bacana, apesar da cidade ser meio esquisita. Tudo é meio longe, meio perdido, meio não sei. O que estou encantado é com a cordialidade da maioria das pessoas. As apresentações foram muito boas, e a última, aberta ao público, foi um sucesso. Terminando a última sessão, fomos para o hotel, e eu, claro, esvairido da fome, propus uma caça ao rango (visto que, para conseguir comida naquela cidade, era necessário uma caça mesmo). Chegando na recepção, vejo 3 seres olhando engraçado. Olhar por olhar, tô acostumado aqui em Minas Gerais, pois parece que japonês é igual E.T. de Varginha: lenda. Eis que eles se apresentam; o menininho mais novo já tratando de querer saber de uma das atrizes por motivos de atração, enfim... nos convenceram a ir pra um bar, e fomos, já que a carona estava ali toda solicita.

Chegando no bar, um amigo já veio com os olhinhos brilhando dizendo que era gay friendly, e eu tem tchum pra coisa toda, porque minha saudade não permitia sequer me interessar por substitutos. Mal tive tempo de pedir meu bobó e escondidinho de camarão, que a mocinha que estava nos procurando no hotel já veio investindo pra cima de mim com todas suas 87 garras-serrilhadas-e-forquilhadas. Tratei logo de contar TU+DO=TUDO da minha vida pra tirar as esperanças da moça e que ela me deixasse comer e beber em paz; mas qual o que, a doida queria é falar e falar e falar.

Ainda voltamos com a mesma carona solicita, e já na porta do hotel, surge outro assunto: a professora que viu a peça 3 vezes, e que estava no bar também, e qual era a dela. E me contaram que a dela era moi aqui, mesmo eu já sacando faz é tempo, porque o macaco aqui é razoavelmente ancião.

Não vou mentir que o ego inflou com gás hélio e levou a moral lá pra estratosfera, mas ao mesmo tempo, essas coisas me cansam. Ainda na saida da última sessão, o produtor pediu pra sair pra bater fotos com as pessoas, e só faltaram sequestrar a gente. As pessoas nos enxergam do alto do palco como se estivesse num pedestal, e eu não me sinto muito a vontade nesse papel. Somando o fato de que, estamos ali interpretando os "modelos" de adolescentes, a coisa toma proporções as vezes assustadoras.

Enfim, deixa pra lá o momento "Guarda-costas" e seguindo com a história...

(Gente, que post longo...)

Chegamos em Alfenas, e logo nos "mudamos" pra Três Corações, cidade natal de um dos atores, para passar o dia na chácara dos avós dele. Muita comida, casa linda, piscina e afins. No dia seguinte, rumamos para São Tomé das Letras, uma cidadezinha próxima, encrustrada numa montanha rochosa linda de chorar. Visitamos uma comunidade alternativa, subimos o morro, tomamos banho de cachoeira, e de quebra, vi a morte dar uma sopradinha no meu cangote. Voltando da cachoeira, uma criatura humana veio na direção contraria muito desgovernadamente, se assutou com o nosso carro, e saiu da pista aos rodopios, parando de pancada no acostamento. Nem deu tempo de pensar na vida, foi tudo tão depressa que, se minha hora tivesse sido aquela, eu não teria nem tempo de p...

!

No final das contas, voltei sem comprar um porta-sacos sequer, pois minha época riponga passou faz é tempo, e aquilo tudo eu já vi em tudo quanto é tudo. Amanhã voltamos pra Alfenas, para finalmente conhecer a cidade que a gente chegou e esnobou.