quinta-feira, 30 de julho de 2009

Participo sendo o mistério do planeta...

O frio dessa cidade anda ridiculamente desconfortável.

Acordei quase meio dia, com o celular tocando (de novo); eu já prevendo que meu pai tinha chegado e eu não tinha colocado nada em ordem.

Uma dor de cabeça irritante, numa mistura de ressaca com gripe.

Saltei pra fora da cama e desatei a, literalmente, amontoar tudo o que iria embora num canto. Em 4 viagens, estava tudo socado no carro, e eu com a certeza de que alguma coisa ficou para trás.

Sentamos numa lanchonete qualquer para um lanche qualquer; meu pai, cuidadosamente atencioso, mas a mesa quase sempre em silêncio, como sempre.

Nos despedimos, e tomei um remédio pra gripe mais forte, prescrito por meu pai, e tinha a intenção de dormir um bocado.

Obviamente, dormir tem sido algo meio deslocado no meu dia a dia.

Lembrei que tinha uma montanha de roupas pra buscar na lavanderia, e me apavorei ao perceber que a minha mala não seria grande o bastante.

Andei praticando o desapego de uma forma bastante agressiva esses dias. Me desfiz primeiro dos enfeites e bibelôs perdidos pela casa, em seguida das roupas. Hoje me deixaram sozinho a TV, o som, o DVD player e meu saco de pancadas (+ as coisinhas adjacentes como os livros, CD´s, DVD, louças, talheres, panelas...);

Considerando a hipótese de viajar com uma mala a mais.

Estava sentindo algo estranho com relação a isso tudo que está acontecendo nesse-momento-agora. Não consegui definir um polo, como alegria, ou tristeza, e muito me preocupa esse estado de torpor enfadonho; não gosto disso. Preferia estar empolgadíssimo ou em profunda depressão. Acabei por chorar um pouco, pra ver se botava isso pra fora. Ator que se preze, não perde uma cena, nem que seja entre quatro paredes. Memória emotiva para perdas materiais.

Arrumei um filme pra assistir e sai correndo de casa. Mesmo. Com a roupa que estava (e que, basicamente, era a mesma de ontem, já que dormi sem nem ao menos cogitar qualquer ação para retirá-las) só botei um casaco por cima e o primeiro tênis que achei o par em meio ao caos, e um boné pra esconder as serpentes da Medusa.

O frio dessa cidade anda ridiculamente desconfortável.

Vendo meu reflexo na vitrine, me senti um pintor de paredes. Taquei o foda-se.

Cheguei correndo na bilheteria, e me lembrei que havia prometido a mim mesmo que não voltaria mais naquele cinema pelo mesmo motivo de hoje: que mocinha mais mal criadinha na bilheteriazinha. Fez cara feia quando estendi uma nota de 100 reais para pagar o bilhete, insistiu se não tinha trocado, e quando ofereci o cartão como forma de pagamento, não me ouviu. Achei que não tinha ouvido. Repeti a afirmação, e ela continuou como se nada tivesse acontecido. Olhou pra nota dos dois lados, usou aquelas canetinhas pra conferir a marca d´agua, e entregou o bilhete para a pessoa que estava na frente da sua bilheteria.

Entrei azedo pra sessão, e a sala vazia. Pedi a papai do céu pra não me deixar sozinho ali, e ele me atendeu.

Chegaram 3 casais.

Perguntei a papai do céu se o humor dele sempre foi assim tão sutil.

Com 1 hora de filme, comecei a sentir uma saudade terrível.

Mas, falando do filme, “Sinédoque, Nova York”, eu na verdade prefiro não falar. Pirou meu cabeção de tantas formas que...

No caminho de volta, constatei o que fui desconfiando no trajeto contrário: meu visual trabalhador-braçal, por alguma razão, estava fazendo sucesso. Será que eu devo abandonar essa vida de glamour e assumir meu lado baixa renda?

Lembrei que minha casa já não é mais funcional, e me enfiei numa lanchonete que encontrei aberta. A porta foi fechada bem atrás de mim, e só um casalzinho terminava a sua refeição noturna.

Saudades. Queria você pra poder discutir o filme, e pra me acompanhar no assassinato da fome.

As mocinhas do lugar estavam todas agitadas. Uma gostou de mim; a outra não gostou do meu pedido, um pouco complicado de mais pro horário. Elas ou não sabem, ou se esqueceram de que pelo reflexo do vidro dá pra ver tudo o que acontece nas nossas costas.

Sai em passos largos, pois a chuva ameaçou voltar.

O frio dessa cidade anda ridiculamente desconfortável.

Na esquina, um rapaz se protegia de baixo de uma marquise, e ao me ver, soltou um sonoro: BUCETA. Tive o ímpeto de responder: “desculpe, não tenho.”, mas o cérebro estava muito ocupado processando todo aquele latrocínio alimentício, e não enviou a mensagem para a fala.

Entrei em casa e percebi como codifiquei minhas ações nesses 3 anos morando sozinho. A porta abriu mais do que devia, pois o teclado já não está mais atrás dela. Tive um impulso de ligar a TV, coisa que sempre faço pra matar o silêncio de quando chego. Abri a geladeira, me esquecendo que ela estava vazia.

Vim pra cá correndo pra ver se você estava.

Vou correndo ver amigos. Sinédoque, vazio.

terça-feira, 28 de julho de 2009

O céu de Ícaro tem mais poesia que o de Galileu...

As 8 da manhã, acordei com o celular despertando. Esqueci de por um toque suave, e acordei com uma batida infernal que por pouco não arrebentou meus tímpanos.

Desliguei.

As 9 da manhã, acordei com o mesmo celular, e a mesma música infernal.

Desliguei.

As 11 da manhã, acordei mais uma vez com o celular, mas a música denunciava outra coisa: era algum familiar me procurando.

Com a voz embargada (de sono, de gripe, sei lá...), atendi meu pai, e combinei com ele uma visita na quinta feira, para ele buscar todas as coisas das quais não quero deixar pra trás.

Rolei para fora do colchão, ainda com resquícios do calafrio que me perseguiu noite adentro. No espelho, além dos fiapos de barba que deveriam ter sido aparados à 2 dias, pedaços de pele se soltando nas regiões secas do meu rosto, causado pelo aquecimento facial noturno típico daqueles que mesclam picos de frio e calor quando se tem febre.

MEMO: essa cabeleira desgovernada não pode continuar habitando o topo da minha cabeça.

Preparei um desjejum bem cara de pau, enquanto lia as noticias matinais.

Mundo bizarro.

Respirei fundo, e mirei uma caixa de papelão onde, um dia, tirei meu fogão de dentro. Alí no cantinho, sob a arara de roupas, e coberta com uma manta com temas orientais, já tinha me esquecido dela. Arrastei-a para o meio do quarto, e abri sua tampa lateral rapidamente; quase instantaneamente, pulei para trás, sabendo o que poderia viver ali.

Traças, aranhas, bicho-papão e memórias-não-tão-antigas.

Tênis velhos, material de faculdade, figurinos.

Tratado de Antropologia Teatral. Elementos da dança. Tartufo.

Nunca fui Romeu; já fui Jasão.

Malandro semi-oriental é integrante da Yakusa?

Abri uma caixa ou um worm hole?

Juntei uma montanha de coisas para jogar fora, e um montinho de coisas para se guardar por mais alguns anos, e daqui a alguns anos, jogar fora.

Guardei Eugenio Barba, mas Eurípides será sumariamente reciclado.

Quanta folha rabiscada com sentimentos quase infantis. Eu já fui aquilo um dia; um sentimento visceral nas últimas folhas do caderno. Era um aluno sabe lá deux de onde. Matéria mesmo, só a matéria-celulose. Sentimentos, sentimentos, sentimentos. Como foi que eu me formei mesmo?

Quase tudo vai fora; quase nada me segura por mais de uma breve passada de olhos. Já fui.

Vendo toda essa zona que criei, por um instante não sei muito bem o que fazer.

Cansei de toda essa prosa. Daqui pra frente, quero poesia.

sábado, 25 de julho de 2009

I thought I heard an angel cry...

Hoje já dá pra começar a contagem regressiva:

Faltam 10 dias para começar a turnê!

O que eu fiz com relação a isso até agora:

Desmontei a cama e comprei uma mala gigante e vermelha.

Tenho 10 dias pra desocupar o apartamento e pintar.

...

Olhando para a minha mala, estacionada na frente do colchão no chão, percebi que ela tem uma plaquinha pregada na frente que diz: Wet Blue.

E na TV, a propaganda do Pink And Blue que a pessoa corre pra saída de emergência que diz PUSH, e ela arranca a maçaneta num puxão.

Sincronicidade dos fatos, diria Sartre.

Papo existencialista não, né?

Meu amigo Bruno passou por aqui feito foguete. Já foi embora hoje, por razões que só o coração (dele) podem explicar. 3 dias bebendo (muito) e rindo (muito). Bruno e eu temos um tipo de amizade imutável. Tenho a impressão de que os anos vão continuar passando, cada um vai continuar seguindo seu rumo, mas quando a gente se encontrar, as coisas simplesmente não terão mudado. Iremos contar nossas histórias, por onde estivemos e o que fizemos, mas as piadas serão as mesmas; os mesmos anseios, os mesmos medos...

O frio aqui segue impiedoso, a chuva começou a cair. Olhando pelo apartamento e tentando decidir por onde começo a guardar ou abandonar coisas. Acho que peguei uma gripe, espero que não seja a suína. Estou em dias que preciso de toda minha saúde, então, fim de semana pianíssimo, e que a força esteja comigo.

Não ando freqüentando a igreja de Star Wars.

Eu nem gosto de Star Wars...

quinta-feira, 23 de julho de 2009

If I´m wrong, I´m right...

Blog? Você ainda lembra de mim? Sou eu, o Nando.

SOU EU QUEM MANDA AQUI, SEU MERDINHA!

Hihihi...

Passei uns dias tão corridos por aqui, que mal tive tempo de escrever umas palavrinhas; em parte é mentira, pois escrevi uma análise sobre Harry Potter de umas 7 páginas, porque precisava falar com alguém sobre o filme e não tinha quem, mas ficou meio sem sentido postar aquilo...

Enfim, águas passadas não movem o moinho.

Essa semana voltaram todos os ensaios possíveis: teatro, música e coreografia. Juntando com as aulas de canto, de circo e academia, eu acordava as 8 da manhã e só voltava as 23h. Resultado dessa lavagem do Bonfim: encravou uma unha no meu pé, ontem não dormi de tanta dor, e hoje estou com o tornozelo doendo por ficar pisando errado. Amanhã acordarei com uma dor na lombar, no dia seguinte, passará pela coluna, seguindo pelo pescoço...

Credo...

Com a turnê se aproximando, tensões aumentando em proporção. Nos compraram uns microfones de Ana Maria Braga que custam 4 mil reais, e tenho tanto medo de quebrar aquilo que boto na cabeça e nem encosto mais. A professora de canto começou essa semana a trabalhar em cima das músicas, e ao ouvir que minha maior dificuldade era um maldito solo que chegava em Fá sustenido, ela arregalou os olhos, incrédula, dizendo que “óbvio que eu não iria alcançar aquela nota”. Como se eu já não soubesse. Seguiram aqueles longos discursos de como as pessoas são negligentes, e que é um absurdo o ti ti ti do ta ta ta do te te te..... nhá!

Também nos mandaram cuidar da gripe suína. Como se faz isso mesmo? Dizendo para os fãs: “desculpem, mas não abraço, nem beijo e nem aperto sua mão. Se quiser, os autógrafos se encontram no site, é só imprimir”?

A casa já está praticamente toda vendida, só falta entregar. A pior parte vai ser pintar tudo, já que, fazendo isso, eu recebo um pequeno reembolso; eu adoro reembolsos.

Desde ontem recebo a visita de Bruno, um amigo de coração dos meus tempos de maringaense, mas essa cidade dos infernos parece que espera minhas visitas chegarem para resolver chover. Não que isso vá impedir alguma coisa, mas atrapalha. Em cinco anos que moro aqui, é a primeira vez que ele vem; como diria Jão, aos 10 do segundo tempo.

Então, sigo na correria por aqui, contando os dias para diversos dias que estão por vir, e vivendo um dia após o outro.

Oi, meu nome é Fernando, e à 9 dias eu não blogo.

...

Fuck!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Eu vou navegar, nas ondas do mar eu vou navegar...

Hoje fui até a imobiliária e avisei que iria entregar o apartamento. Era pra ter feito isso semana passada, mas com toda a correria que se deu início, eu aproveitei tudo o que estava acontecendo pra procrastinar essa mudança. Então, quando tudo se estabeleceu, percebi que não dava mais: é hora de mudar de novo.

Estava todo tranqüilo e até excitado com a idéia de, 1: sair de Curitiba e, 2: ter um mundo pela frente. Mas hoje, quando resolvi toda a burocracia do processo, sai pela rua e a cabeça fervilhou.

Faltam 20 dias pra começar a turnê, hip-hip...uha!, e depois, tchau-e-benção; nos esquecem até que decidam nos contratar de novo (ou não).

Justamente eu que demoro tanto pra criar laços, não consigo fixar residência num canto qualquer. Não que isso seja ruim, acho até que estou quase acostumado com a idéia; mas fico pensando em todos os amigos que conquistei aqui e que perderei contato. Sei que sempre teremos carinho uns pelos outros, mas a distância certamente vai afetar isso. Fiquei pensando que nenhum deles usa a internet de forma significativa e nem eu sou muito ávido por isso.

Ando pesquisando lugares para ir, mas sem muito afinco. Quero conhecer o mundo inteiro, mas não sei nem por onde começar. Atualmente pensando fixamente em Australia, mas sem saber muito bem o que fazer lá a não ser me embasbacar com a natureza exuberante.

O coração anda tão feliz e tranqüilo. Mesmo sem saber onde vou parar e no quê isso vai dar, ao menos ele tem um cantinho em que se acalenta.

Mas sigo sacolejando a poeira porque eu gosto é do cheiro do novo! Vou colocar uma música animada aqui, tomar um shot de cravinho e que venham esses dias incertos.

Eu sempre fui 10 em improvisação, e não me graduei a toa.

;)

PS de plantão: se no post anterior eu comemorava 4 coments (hehehe...), com esse eu comemoro CEM posts! Vida longa pro meu bloguinho!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

In rainbows...

Com licença, vou me achar um pouco e já volto....

...

Eu tenho QUATRO comentários no meu post anterior! Isso é um record! Tô tão emocionado. Eu gostaria de agradecer a minha família pelo apoio, aos meus amigos que nunca deixaram de acreditar em mim...

Tá, já chega.

...

Não chega! Tem mais pontinhos vermelhos no meu Visitor Locations ali em baixo ó! Não sei quem são.

Oláaaaaaaaa... deixe um comentárioooooo...

Leave a message after BEEP.

...

Tá bom, agora chega mesmo.

Mudança de assunto.

Essa semana comecei a fazer aulas de Circo. Nesse exato momento sinto uma dor tão grande na parte posterior da coxa, que nem vou tentar explicar.

As aulas de canto seguem a todo vapor, mas me pergunto pra que contratarar uma professora de canto lírico para uma musical que é todo canto popular...

Cavalo dado não se olha os dentes!

Hoje, na ida para o ensaio, paramos em uma padaria e aconteceu uma cena bizarra. Passou uma moça por mim, e eu tinha certeza que a conhecia, mas não sabia de onde, então a deixei passar. Mas quando ela me viu, fez uma festa tão grande:

- Meu Deus, Fernando, quanto tempo!

E me abraçou bem apertado, e prosseguiu:

- E ai, como vai a vida? Se formou?

- Éeee... formei...

- E tá trabalhando?

(Ó o Visitor Locations aqui ---------> Oi, você! Tu mesmo!)

- Sim... estou... fazendo um musical... começo a viajar em agosto... to indo pro ensaio agora...

- Aonde, no centro? Quer carona?

- Ah, não... é aqui... perto... não precisa...

- Nossa, que bom, parabéns viu? Sabe que torço muito por você!

- Ah... obrigado... mesmo... vou indo pro ensaio. Tchau!

E até agora eu não sei de onde a conheço! Bizarro.com.br...

Ô gente, acho que tô ficando caduco, de verdade. Ou meio dislexo... ando trocando palavras, esquecendo das pessoas humanas...

Sindrome de Dóri. “Oi, quem é você, minha consciência?”

O que eu tava falando mesmo?

De quem é esse blog?

O que é blog?

...

BEEP!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Está nascendo um novo líder...

Frio que não dá trégua. Entre dias de sol e dias chuvosos, a temperatura não quer nem saber de amenizar.

Essa semana começo a fazer aulas de canto, bancadas pela produção do musical. Finalmente tomaram alguma atitude (bem tardia, mas OK) com relação ao nosso trabalho. Eram só cobranças atrás de cobranças, mas nenhum apoio ou incentivo. A 1 mês para o início das viagens, não sei se servirá para muito; mas o que vier é lucro.
.
Cavalo dado não se olha os dentes, certo?

Fim de semana movimentado, fui na casa da galera do elenco comer panquecas, e acabei dormindo por lá, pois ficou tarde. Eles tem uma gata que é mestra do Garfield: dorme, dorme, dorme, e quando levanta é pra cagar-e-comer. Pois quando resolvi deitar para dormir, lá pelas 4 e tantas da madruga, a vadia resolveu conversar com os espíritos. E com o meu ouvido. Perdi as contas de quantas vezes acordei com aquela biscate esboçando um dialeto sinistro pela casa, e só não me levantei para arremessar ela pela janela feito freesbee porque... porque...

Para a Sociedade Protetora dos Animais: eu adoro animais e não pratico maldades com eles tá? Só estou expondo o que me passou pela cabeça.

E eu não gosto muito de gatos; sou do grupo dos cachorros. Quando era pequeno, quase fiquei cego por causa de uma felina que me arranhou o olho. Tudo bem, eu fui enxerido e enfiei a carona nipônica bem onde ela estava cuidando da ninhada; mas era pura curiosidade infantil, ela não precisava ter revidado com violência. Essa gata dos meus amigos é tão dengosa que acaba conquistando a gente, só que o charme só dura até o momento em que a gente resolve dormir...

Enfim.

Acordei, ou melhor, acordamos na hora do almoço, e fomos até Santa Felicidade, para a Festa do Frango, Polenta e Vinho. Festa família, músicas típicas e comida boa. Chato, mas deu pra comer e rir com os amiguinhos se embebedando com o vinho barato que parecia garapa. Típico programa de domingo.

Estou morrendo de sono.

...

Morri.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Prolonging the magic...

Mais um mês que fica para trás, e deixando saudades. A visita de Jão e Luis aqui foi uma delicia, e até consegui simpatizar com o frio. Quando se tem companhia, a rua fica mais fácil de encarar e a cama mais gostosa de deitar.

E o ano segue desgovernado feito um paquiderme manco na descida.

Ontem estreamos a temporada 2009 do “Cantar e Viver o Brasil”, para os funcionários do Positivo e a alta diretoria. Uma pressão dos infernos, uma canseira do cão. No dia anterior, ficamos mais de 12 horas no teatro, entre passagem de luz, de som, marcações, coreografias e ensaio geral. Voltamos no dia seguinte moídos, e tudo parecia conspirar para dar errado. Um iluminador que não conhecia a peça, um técnico de som que não conseguia equalizar tudo, uma cobrança por parte da produção e da diretoria... mas no final deu tudo certo.

Depois da tempestade, veio a bonança. Ou melhor, o cocktail. Umas comidinhas em miniatura impressionantemente deliciosas: tinha cone de salmão, tortinha mexicana, panelinha de purê com fungi, sopa de chocolate, mais um monte de coisas que não consegui identificar, só comer.

E a estrela da noite: o champagne.

Tomei taças e mais taças, acompanhado de dúzias de panelinhas de purê que pegava sem vergonha, pois eram o manjar dos manjares dos deuses do universo. Um a um, vi meus companheiros de palco se equilibrando pelas beiradas, mas seguimos firmes e fortes para a casa do diretor, para continuar a noite.

Chegando lá, encontramos um quarto de figurinos, e imagina a bagunça que a gente fez. Eu misturei cabelos e asas de anjo com um tutu de bailarina que ficou uma graça. E seguimos noite a dentro, com cervejas, xiboquinha e cada vez mais gente passando mal.

E cada vez mais bafos que não me permito nem comentar.

Me sai surpreendentemente digno, sem vomitar e nem fazer nada que pudesse me arrepender depois. E olha que bebi feito uma porca obesa. Sou pobre, mas tenho meus momentos.

A casa continua vazia.

A bagunça continua, e não vai ser agora que vou arrumar. Vou pra um rodízio de petiscos, pra contrastar com o rodízio de chiqueza que foi ontem.

Boa semana!