domingo, 31 de outubro de 2010

Atenção para o refrão...

Finalmente tive tempo de assistir alguma coisa do FIAC, Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia. Sexta feira vi "Mi Vida Después" da Argentina, uma mistura de teatro com contação de história, visto que aparentemente os atores apenas contam suas histórias reais, fortemente influenciados pela política e com uma mágoa libertária que busca alguma espécie de ideologia de vida baseada no crescimento do país. Sincero, cool e num ritmo bem peculiar, acho que nossos hermanos têm muito a nos ensinar em termos de visão e respeito politico.

Ontem assisti "A Flor da Pele", do Balé do Teatro Castro Alves. Espetáculo longo e bonito, mas sem um pingo de novidade visto que tudo aquilo já foi visto de alguma forma em algum momento e em algum lugar.

E hoje é aniversário de Bruno Belini, amigo querido de Maringá. Companheiro de aventuras inesquecíveis, muito Pump It Up no fliperama do shopping, McDonalds madrugada afora, muita gasolina queimada acompanhada de fitas e mais fitas de trilha sonora cuidadosamente selecionada, loja de conveniência, sonhos compartilhados, desejos aflorados, Spice Girls e muita Boy Band, piscina de bolinhas, super combos, socos mentais, alguns filmes, Richardson e Meloni, roller, luxuuuu... gargalhadas descontroladas. Tempo bom que não vai voltar? Nunca foram embora. Feliz aniversário meu amigo, muita saúde, muitos sonhos, muitos desejos, muitos amores, muitas paixões, muito dinheiro, muitas realizações, muitas estradas, muitas esperanças, muita paz, muita vida, muitos abraços. Que te sobre gasolina para continuar rodando, que seus timpanos sigam resistindo toda a música que te encontrar no caminho, que todos os golpes, combos e super combos sejam a seu favor e que não te falte energia para seguir lutando. Continues infinitos. Até daqui a pouco.

"Round my hometown
Memories are fresh
Round my hometown
Oh... the people I’ve met
Are the wonders of my world
Are the wonders of my world
Are the wonders of this world..."

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Eu nasci para ser o superbacana...

Domingo meia noite. Aham, eu deveria estar dormindo afinal, teoricamente, amanhã cedinho eu estou me esfolando nas aulas de dança. E quem disse que eu vou? O joelho segue doendo, a preguiça segue batendo, a empolgação segue em algum lugar que esqueci onde...

Fui assistir "Minha Mãe é uma Peça" do ator Paulo Gustavo, que escreveu e atua segundo a tiradas inacreditíveis de sua própria mãe. Peça curtinha, divertida em muitos momentos, caracterização impecável, mas que funciona mesmo por nos colocar pensando que se trata de uma figura real, e não apenas de um texto espertinho e bem interpretado. As vezes cansava feito programa do Jô, que faz uma piada absolutamente sem graça mas tem sempre alguém se estrumbicando de rir só porque é o Jô.

Assisti também "Os Enamorados" com direção de Antônio Fábio, que se assemelha muito as comédias de Molière e Shakespeare, mas sem o frescor de ambas. Alias, todo o espetáculo parece sofrer dessa falta de vivacidade: ritmo sofrível, atores desnivelados, encenação batida. Alguns lampejos do que poderia ser algo divertido, mas acaba terminando por isso mesmo. Enquanto isso, Los Hermanos mal se fazia ouvir com a multidão que se tijolava e gritava na Concha Acústica.

Repare: impressionante como não há 4° parede que impeça o baiano de tentar se comunicar com o artista no palco gente! Toda peça que vou tem sempre alguém que dirige a palavra para o ator no palco, com ou sem liberdade concedida. Stanislaviski devia ser leitura obrigatória na 6° série...

Me lembrei de minha mãe. Uma noite de glória. Curitiba, Guairinha, "Ópera do Malandro", lotação 504 lugares + umas 100 pessoas que foram embora. Todo o elenco de malandros e putas passando pelo meio da platéia, reclamando seus direitos à Duran, melhores condições de trabalho e a porra, quando sinto um dedo me cutucando. Minha mãe, sorrindo e me olhando com aquela cara de "tô aqui". Ao fim da sessão, dei uma aula de formação de platéia CLARO. Minha fã ferrenha, daquelas que se eu ficar 1 ano em cartaz de terça a domingo com 3 sessões ela estará em todas, NUNCA MAIS quis me dirigir palavra em cena. Educação nunca foi defeito, e Salvador carece disso. Prontofalei.

No fim de semana rumamos novos amigos baianos, love + eu rumo à SP prestar um trabalho de teatro-empresa para uma companhia de telefonia. Impressionante como uma igreja universal e um grupo empresarial realizando um trabalho de motivação de funcionários se assemelham em suas lavagens cerebrais. Devo ter ouvido mais de 50 vezes a tal promoção da empresa sendo repetida aos berros pelos pobres vendedores, que acordaram cedo no domingo para acompanhar uma longa sessão de palestras, videos, powerpoint (ic!) e afins. Pobre de nós atores que tivemos que esperar 3 horas no fundo do palco sem um mínimo de conforto ao som de vuvuzelas e buzinas a gás. Realmente não sirvo para o ramo; imagina eu ali no meio tendo que fingir que estava motivado, gritando com empolgação a cada frasezinha barata de efeito, fingindo que tava achando tudo aquilo incrível...

Sigo na minha solitaria busca por uma verdade que nem sei qual é...

Nesse ínterim, ainda deu para correr para o teatro. Assistimos "Casting" de um escritor russo chamado Aleksandr Galin, com Caco Ciocler e (ic!) elenco. Peça longa avejizuis... ritmo sofrível, algumas boas tiradas, alguns bons momentos, figurino bala... mas que peça longa avejizuis. As vezes me lembrava "A Opera do Malandro", mas sem aquela alma que permeia a obra de Chico Buarque. Mas valeu a pena ver a diferença de produção, em como a estrutura de lá está a anos-luz do que percebo aqui, ih... papo longo, complicado, xá prumoutra hora...

Depois, saimos para uma pizzaria no Bráz, e no meio do caminho fiquei altamente pensativo e com uma sensação de encolhimento vendo aquela cidade gigante tomada por filas e mais filas onde quer que fosse a festa, do nível que fosse, da qualidade que fosse... credo, me senti impotente e desimportante, tipo a crise da formiga em "FormiguinhaZ" ou a crise da abelha em "Bee Movie". Chegando na pizzaria (e depois da fila), comemos uma pizza tão fina que pensei que só tinha borda, e os zoião de gorda viram uma caipirinha de lima da persia que nem hesitei em pedir. Enjoativa feio o quê, estava pronto para deixar na metade quando chegou a conta e descobri que custava R$ 19,50 (!!!), então bebi tudo só de raiva e desencargo. Ave Maria Mãe de Deus que delirio de mercado...

Entre gastos e sonos perdidos, saimos rindo todos. Novos amigos elétricos, mais viagens porvir, a vida segue. Saudade de ir ao cinema. Preciso comprar um livro. Quero o 5° episódio de Glee.

sábado, 16 de outubro de 2010

Ela se derrete toda só porque eu sou baiano...

Primavera na Bahia! Um dia mais lindo do que o outro, e eu nem dei um tchibum ainda... mas praia é o que não falta no verão, seja por conta do clima propício, seja pela falta de compromissos. Estou sonhando com as férias nas aulas de dança, para curar todas as injúrias do corpo, mas tenho certeza que as férias vão ser longas demais assim que começarem.

Nota mental: se algum professor passar mais algum trabalho, ter uma síncope e gritar feito uma mulé.

Ainda não marquei um médico para ver esse joelho podre e essa lombar ardida; fazendo as aulas todas meio nas coxas, e as apresentações de fim de ano chegando. Tá massa.

Todas as quartas de outubro estou lá no Tom do Sabor assintindo os "Superbacanas", projeto de música baiana da década de 70 que o love participa. Bora lá me fazer companhia e tomar uma roska de caju?

Ontem fui num boteco comer e beber e conheci Daniela Henning do Shaggapress, blogueira de primeira que leio e me divirto faz tempo e por coicidências da vida, tava por lá.

E eu aqui me acabando com o brinquedinho novo que aprendi a operar, um Photoshop CS3. Produzindo cartazes pro meu curta e brincando com fotinhas ingênuas. Taí duas coisas que eu poderia fazer pro resto da vida, editar filmes e ficar inventando cartazes. Nota mental.

Acho tão engraçado essas pessoas que vão morar fora e voltam dizendo que esqueceram o português. Acho que tô precisando morar fora um tempo e voltar do mesmo jeito para parar de achar tudo isso muito afetado... pra ver se vou ficar comparando e botando defeito no meu país e coisas do tipo. Porquê o mais longe que já morei foi Fernando de Noronha, e toda vez que falo isso as pessoas ficam todas muito sonhadoras; eu do alto do meu deslumbramento penso comigo: gente, Fernando de Noronha não tem nada. Tudo bem, vá passar uma semana e curtir a natureza, mas vai morar numa ilha que não rola um cinema, um shopping, um engarrafamento, um stress... tem gente que não consegue viver sem isso não, somos todos muito urbanos.

E o Fiu-fiuk cantando por entre os dentes, homenageando o pais famoso-e-ausente, que a TV insiste em mostrar só porque o menino tá aqui na Bahia? Bora lá também?

Cri cri...

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Água azul de Amaralina...

Ah... a sexta feira na Bahia... sou capaz de afirmar que os deuses descem de suas nuvenzinhas, só para aproveitar as delicias da culinária que brotam por todos os cantos dessa terra. Um caruru completo no almoço é feito uma grande festa, que desemboca pela boca em rompantes e desce causando frisson por onde passa. Há algo de sagrado nessa comida que eu não sou capaz de compreender, apenas degustar como se fosse a hóstia rainha das missas, e juro que se não fosse pelos joelhos sofridos eu bem me ajoelhava pra comer.

Capital com o maior número de gente que fala sozinha por metro quadrado, das mulheres que cospem no meio da rua, das academias abarrotadas de gente que não malha as pernas. Nunca vi tanto negro usando esteróides, justo eles que menos precisam.

Sou capaz de encarar o acaraje de uma baiana que nunca vi, e ainda assim, basta um "boa noite" bem dado para que ela pareça uma conhecida de longa data. O acarajé de uma boa baiana bem parece um pecado ingerido consciente e com todas as delicias da culpa. Deve ter um pedacinho de algo sagrado por ali, salpicado enquanto a gente não está olhando, só para tornar o ato de comer ainda mais irresistivelmente libidinoso. Antropofagicamente é comer um deus em cada bolinho daqueles.

Capital das intimidades compartilhadas quase instantaneamente, das pessoas que falam alto, da sobrevivência. Sexta feira é dia de usar branco, de comer comida baiana; sei lá por que, só sei que é assim.

E é bom!