segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Eu nasci para ser o superbacana...

Domingo meia noite. Aham, eu deveria estar dormindo afinal, teoricamente, amanhã cedinho eu estou me esfolando nas aulas de dança. E quem disse que eu vou? O joelho segue doendo, a preguiça segue batendo, a empolgação segue em algum lugar que esqueci onde...

Fui assistir "Minha Mãe é uma Peça" do ator Paulo Gustavo, que escreveu e atua segundo a tiradas inacreditíveis de sua própria mãe. Peça curtinha, divertida em muitos momentos, caracterização impecável, mas que funciona mesmo por nos colocar pensando que se trata de uma figura real, e não apenas de um texto espertinho e bem interpretado. As vezes cansava feito programa do Jô, que faz uma piada absolutamente sem graça mas tem sempre alguém se estrumbicando de rir só porque é o Jô.

Assisti também "Os Enamorados" com direção de Antônio Fábio, que se assemelha muito as comédias de Molière e Shakespeare, mas sem o frescor de ambas. Alias, todo o espetáculo parece sofrer dessa falta de vivacidade: ritmo sofrível, atores desnivelados, encenação batida. Alguns lampejos do que poderia ser algo divertido, mas acaba terminando por isso mesmo. Enquanto isso, Los Hermanos mal se fazia ouvir com a multidão que se tijolava e gritava na Concha Acústica.

Repare: impressionante como não há 4° parede que impeça o baiano de tentar se comunicar com o artista no palco gente! Toda peça que vou tem sempre alguém que dirige a palavra para o ator no palco, com ou sem liberdade concedida. Stanislaviski devia ser leitura obrigatória na 6° série...

Me lembrei de minha mãe. Uma noite de glória. Curitiba, Guairinha, "Ópera do Malandro", lotação 504 lugares + umas 100 pessoas que foram embora. Todo o elenco de malandros e putas passando pelo meio da platéia, reclamando seus direitos à Duran, melhores condições de trabalho e a porra, quando sinto um dedo me cutucando. Minha mãe, sorrindo e me olhando com aquela cara de "tô aqui". Ao fim da sessão, dei uma aula de formação de platéia CLARO. Minha fã ferrenha, daquelas que se eu ficar 1 ano em cartaz de terça a domingo com 3 sessões ela estará em todas, NUNCA MAIS quis me dirigir palavra em cena. Educação nunca foi defeito, e Salvador carece disso. Prontofalei.

No fim de semana rumamos novos amigos baianos, love + eu rumo à SP prestar um trabalho de teatro-empresa para uma companhia de telefonia. Impressionante como uma igreja universal e um grupo empresarial realizando um trabalho de motivação de funcionários se assemelham em suas lavagens cerebrais. Devo ter ouvido mais de 50 vezes a tal promoção da empresa sendo repetida aos berros pelos pobres vendedores, que acordaram cedo no domingo para acompanhar uma longa sessão de palestras, videos, powerpoint (ic!) e afins. Pobre de nós atores que tivemos que esperar 3 horas no fundo do palco sem um mínimo de conforto ao som de vuvuzelas e buzinas a gás. Realmente não sirvo para o ramo; imagina eu ali no meio tendo que fingir que estava motivado, gritando com empolgação a cada frasezinha barata de efeito, fingindo que tava achando tudo aquilo incrível...

Sigo na minha solitaria busca por uma verdade que nem sei qual é...

Nesse ínterim, ainda deu para correr para o teatro. Assistimos "Casting" de um escritor russo chamado Aleksandr Galin, com Caco Ciocler e (ic!) elenco. Peça longa avejizuis... ritmo sofrível, algumas boas tiradas, alguns bons momentos, figurino bala... mas que peça longa avejizuis. As vezes me lembrava "A Opera do Malandro", mas sem aquela alma que permeia a obra de Chico Buarque. Mas valeu a pena ver a diferença de produção, em como a estrutura de lá está a anos-luz do que percebo aqui, ih... papo longo, complicado, xá prumoutra hora...

Depois, saimos para uma pizzaria no Bráz, e no meio do caminho fiquei altamente pensativo e com uma sensação de encolhimento vendo aquela cidade gigante tomada por filas e mais filas onde quer que fosse a festa, do nível que fosse, da qualidade que fosse... credo, me senti impotente e desimportante, tipo a crise da formiga em "FormiguinhaZ" ou a crise da abelha em "Bee Movie". Chegando na pizzaria (e depois da fila), comemos uma pizza tão fina que pensei que só tinha borda, e os zoião de gorda viram uma caipirinha de lima da persia que nem hesitei em pedir. Enjoativa feio o quê, estava pronto para deixar na metade quando chegou a conta e descobri que custava R$ 19,50 (!!!), então bebi tudo só de raiva e desencargo. Ave Maria Mãe de Deus que delirio de mercado...

Entre gastos e sonos perdidos, saimos rindo todos. Novos amigos elétricos, mais viagens porvir, a vida segue. Saudade de ir ao cinema. Preciso comprar um livro. Quero o 5° episódio de Glee.

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