sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Água azul de Amaralina...

Ah... a sexta feira na Bahia... sou capaz de afirmar que os deuses descem de suas nuvenzinhas, só para aproveitar as delicias da culinária que brotam por todos os cantos dessa terra. Um caruru completo no almoço é feito uma grande festa, que desemboca pela boca em rompantes e desce causando frisson por onde passa. Há algo de sagrado nessa comida que eu não sou capaz de compreender, apenas degustar como se fosse a hóstia rainha das missas, e juro que se não fosse pelos joelhos sofridos eu bem me ajoelhava pra comer.

Capital com o maior número de gente que fala sozinha por metro quadrado, das mulheres que cospem no meio da rua, das academias abarrotadas de gente que não malha as pernas. Nunca vi tanto negro usando esteróides, justo eles que menos precisam.

Sou capaz de encarar o acaraje de uma baiana que nunca vi, e ainda assim, basta um "boa noite" bem dado para que ela pareça uma conhecida de longa data. O acarajé de uma boa baiana bem parece um pecado ingerido consciente e com todas as delicias da culpa. Deve ter um pedacinho de algo sagrado por ali, salpicado enquanto a gente não está olhando, só para tornar o ato de comer ainda mais irresistivelmente libidinoso. Antropofagicamente é comer um deus em cada bolinho daqueles.

Capital das intimidades compartilhadas quase instantaneamente, das pessoas que falam alto, da sobrevivência. Sexta feira é dia de usar branco, de comer comida baiana; sei lá por que, só sei que é assim.

E é bom!

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