E lá se foi meu primeiro grande Carnaval, conduzido em grande estilo nas ruas molhada pela chuva nessa delicia de Salvador.
E devagarinho, Fevereiro vai partindo ao meio, sem pena nem remédio, o mesmo sentimento de que eu devo ir embora deixando pra trás uma história que mal teve tempo de começar.
Algum cretino inventou essa história de que só dá pra ser feliz com emprego, e só dá pra ser alguém com dinheiro. A gente deve se sentir culpado por não ser um ajustado e não ajudar nas contas em casa.
Idéia lenta de felicidade.
Fui doutrinado a me preocupar com a velhice, a me preocupar com doença, a me procupar com a alta do dólar. Educado a ser polido; eu que adoro falar palavrão. Bordaram com nílon na minha cabeça que se eu não for doutor, eu não sou ninguém. Puta merda, as vezes eu me sinto um ninguém.
Nunca soube jogar futebol, handebol, basquete. Nem basebol, vôlei; nem pingue-pongue, nem peteca. Coitado do meu pai, que teve filho varão com alma de artista.
Nunca fui um excelente aluno, e odeio não ser tão inteligente quanto poderia. Demorei 4 meses pra ler um Sartre, e tenho a impressão de que ainda não o entendo muito bem. Me sinto idiota por não achar William Faukner maravilhoso.
E devagarinho, Fevereiro vai partindo ao meio, sem pena nem remédio, o mesmo sentimento de que eu devo ir embora deixando pra trás uma história que mal teve tempo de começar.
Algum cretino inventou essa história de que só dá pra ser feliz com emprego, e só dá pra ser alguém com dinheiro. A gente deve se sentir culpado por não ser um ajustado e não ajudar nas contas em casa.
Idéia lenta de felicidade.
Fui doutrinado a me preocupar com a velhice, a me preocupar com doença, a me procupar com a alta do dólar. Educado a ser polido; eu que adoro falar palavrão. Bordaram com nílon na minha cabeça que se eu não for doutor, eu não sou ninguém. Puta merda, as vezes eu me sinto um ninguém.
Nunca soube jogar futebol, handebol, basquete. Nem basebol, vôlei; nem pingue-pongue, nem peteca. Coitado do meu pai, que teve filho varão com alma de artista.
Nunca fui um excelente aluno, e odeio não ser tão inteligente quanto poderia. Demorei 4 meses pra ler um Sartre, e tenho a impressão de que ainda não o entendo muito bem. Me sinto idiota por não achar William Faukner maravilhoso.
Odeio meu vocabulário, e ainda assim, leio muito menos do que poderia.
Nunca assisti um filme do Felini, mas ainda assim sou capaz de gastar quinze reais pra assitir o Jason.
Uma das muitas pessoas que conheci nesse Carnaval me soltou uma dessa: "é uma merda a gente ter que conviver com esse sentimento de culpa", a respeito da alegria fácil que saltava nas ruas. "Dá pra ser feliz com muito menos".
Eu me seguro pelas beiradas. Papo brabo esse. Em meio a luz difusa do sol nervoso que escapa pelas persianas ao vento, um desenho na TV, e um ronco baixinho confortante ao lado. Casa com cheiro de habitada é uma delicia. Ainda me resta alguns segundos por aqui. Vou indo, preparar o remédio pra cuidar de quem eu me preocupo, fazer um carinho, mirar uns olhos marronzinhos feito barro ressecado.
Dá pra ser feliz com muito menos.
Um comentário:
Lindo o q vc escreve... só uma coisa, a cor dos olhos é mel, eu disse mel, q é pra encher os teus de doçura!
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