terça-feira, 31 de março de 2009

Doc. Strange Luv...

Dia estranho hoje. Um calor seco, que se transformou em chuva com sol; agora escureceu, a toalha parece que vai ficar úmida um bom tempo, e os pernilongos sairam de suas casinhas para me assombrar. Ainda sofro um pouco com os efeitos da bebedeira de ontem, e ri tanto que hoje abri mão das abdominais na academia. Passei em uma dessas lojas de suplemento alimentar, e investi num daqueles potes gigantes e ameaçadores que prometem maravilhas físicas, e realmente tive a impressão de ele deve funcionar. Quase morri pra ingerir 11 comprimidos, e ao final, mal consegui comer, porque fiquei com o bucho entochado com 3 copos de água. Malhei um bocado e senti que dava pra continuar, mas não o fiz, porque sei dos meus limites, principalmente agora que estou fora da minha forma ideal. Minha calça-modelo está sobrando em todos os lados, quando nos meus tempos aureos, ela mal passa pela coxa. Deixe estar...

A vida agora promete longos dias de ócio. Tempo... me perturba não saber quando... ou se...

Estou aceitando até convite pra funeral. Um amigo ontem começou: "Vocês estão afim..." e eu interrompi: "estou!"

Nesse jogo de verdades, eu sempre polite, penso que as vezes devia me impor mais. O mais sincero de mim fica sempre em segundo plano, em prol de ao menos receber um pouco do que nada. De repente passo dias intensos, inflados, gratuitos, e mais que de repente, sou arremessado de volta ao mormaço, a cerveja não tão gelada, ao despertador. Interrompido daquela vibração que ficou para trás, e toda a beleza que insiste em me carregar de volta pra lá, e sonhar de novo que aquilo é sim capaz de voltar, e quem sabe, perdurar. Ensaio escrever coisas assim durante o dia inteiro, esperando que não me entendam, ou entendam e façam alguma coisa.

Quando acho que não consigo, lá venho eu correndo alimentar o blog. O lugar onde eu posso falar, falar, falar... porque durante o dia tenho visto e ouvido e presenciado tanta coisa que nem tenho coragem de reclamar da minha. Spoiled boy. Estão todos com problemas que parecem tão maiores que o meu, que prefiro me calar, envergonhado. Me limito a escutar atenciosamente.

As vezes entro nessas crises teológicas-existencialistas que só eu entendo, e coitado se eu fizer alguém, mesmo que em uma mesa de bar com cerveja gelada e batata frita, escutar essas lamúrias. Tenho um pé no lado negro, então o melhor que faço é continuar rindo bem alto, que é pra espantar. Falar por aqui é também um modo de tolerar. Sinto que compartilhar o que quer que seja de mim, vai invariavelmente refletir em alguém. Vai me fazer me sentir menos único e mais todo. Eu não sei falar muito sobre minhas coisas, então aqui é minha descarga. Vomitar essas palavras me fazem algum bem. Ver um coment no final do post me faz sentir que alguém escutou, que dedicou alguns segundinhos de vida para ler o que tenho à dizer, mesmo que as vezes eu pareça não dizer nada.

Não dizer nada também quer dizer muito.

"E se me achar esquisita,respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar"
Clarice Lispector

Vou me deitar, ler algumas linhas de um livro e dormir. Amanhã é amanhã

Volto assim que der vontade.

3 comentários:

Bruno Belini disse...

"O mais sincero de mim fica sempre em segundo plano, em prol de ao menos receber um pouco do que nada."

Sou apaixonado por Clarice Lispector. Ela, de fato, aprendeu a se respeitar primeiro. Talvez precisamos nos espelhar um pouco mais nisso.

Espero que seu coração possa ter um segundo mais terno ao ver "1 comentário" assim como também fiquei.

E desculpe por não ser exatamente quem você quisesse que eu fosse. Heh :(

Bokapiu disse...

O q tenho a dizer é: ESCREVA! ESCREVA MUITO,pq isso não só te faz bem, te faz melhor!

Quanto ao mirar-se no outro e perceber q seus problemas são menores, isso é maturidade, humildade, coisas q só acrescem, o pulo do gato é tornar-se feliz por isso e não somente mascarar a felicidade ou rir pra adornar!

Não estou ansioso com o tempo, estou degustando, ainda que a ausência perturbe.

E não alimente paranóias, alimente o sentimento bom, feito plantinha que se rega até que cresça e alcance o mundo...

Ge disse...

Ah! Fernando...lindo post. E escreva...escreva muito...para desabafar, contar o que tem vontade, falar bobeira, etc, etc...nem sempre as pessoas tem tempo e vontade de nos ouvir...mas pode ter certeza que quem vem até aqui, lê e te deixa um comentário (ou não)...é porque tem toda a disposição de ouvir as coisa que vc diz, que se identifica, que de alguma maneira te entende...e blog também serve para isso mesmo...para tentarmos entender o que ninguém entende.
Adoro a mameira como vc escreve...bjs.